Agrupamento de Escolas Prof. Ruy Luis Gomes

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Início S. E. Apoio Educativo N. Educação Especial Algumas considerações sobre Dislexia

Algumas considerações sobre Dislexia

Apresento o artigo no âmbito do Plano Anual de Actividades do Grupo de Educação Especial. Este artigo foi construído após um Curso de Formação denominado Ler e Escrever na Escola: o real, o possível e o adequado, que foi ministrado pelo Dr. Rafael Silva Pereira. Como o tema parece ser do interesse de todos os professores, decidi elaborar este artigo com base no mesmo. Assim inicio  com algumas considerações teóricas sobre o funcionamento do cérebro, sobre as estruturas cerebrais que estão implicadas na aprendizagem da leitura e da escrita e sobre os desvios nesta aprendizagem - dislexia e disortografia.

1 - FUNDAMENTOS TEÓRICOS – O CÉREBRO

O cérebro humano distingue-se dos cérebros dos outros animais pelo tamanho do córtex cerebral (cérebro superior), que é maior integrando informações de todos os sentidos, este inicia as funções motoras, controla as emoções e realiza os processos da memória e do pensamento.
As diferentes áreas do córtex possuem funções específicas: o lobo parietal que recebe e processa toda a informação somatossensorial do corpo (toque, dor), formando um mapa sensorial do corpo, denominado de Homúnculo.
A parte traseira do lobo parietal tem uma área muito importante para a compreensão das informações sensoriais (visuais e auditivas) associadas à linguagem – área de Wernicke; O lobo frontal está envolvido nas habilidades motoras (incluindo a fala como acto motor que é) e nas funções cognitivas. Uma área do lado esquerdo deste mesmo lobúlo, chamada de Broca processa o controlo dos músculos que criam os sons (da boca, laringe e lábios). O Lóbulo occipital recebe e processa as informações que recebe através da visão e relaciona-as com o lobo parietal, onde se situa a área de Wernicke e com o córtex motor (lobo frontal). O Lobo temporal – processa as informações auditivas; Hipocampo – importante para a memória de curto prazo. Sistema límbico- comportamento emocional.
Todo este suporte teórico sobre o funcionamento do cérebro serve-nos para percebermos que a neurociência através dos seus estudos com instrumentos novos e imagens computadorizadas durante tarefas de ativação cerebral, parece indicar-nos que a educação de crianças num ambiente sensorialmente enriquecedor, fará com que as células nervosas se modifiquem em resposta às experiências e à aprendizagem. Assim a estimulação mental adequada poderá recuperar parcialmente as pessoas que sofreram lesões cerebrais, ou que manifestem algum outro tipo de dificuldade.

2 - A LEITURA E A ESCRITA

A leitura e a escrita são formas de processamento linguístico, relativamente fácil para a maioria das pessoas, no entanto existem outras, que embora tenham um nível de inteligência na média ou superior, manifestam dificuldades na sua aprendizagem.
A região inferior frontal é a área da linguagem oral. É a zona onde se processa a vocalização e articulação das palavras, onde se inicia a análise dos fonemas. A subvocalização ajuda a leitura fornecendo um modelo oral das palavras. Assim esta zona está especialmente activa nos leitores disléxicos e nos que estão a iniciar a leitura. Por esta razão uma das características dos alunos disléxicos é o murmurar as palavras lidas, mesmo quando lhe é solicitado que lêem em voz baixa.
A região parietal-temporal é a área onde se faz a análise das palavras, realiza o processamento visual da forma das palavras, a correspondência grafo-fonética, a segmentação e fusão silábica e fonética. Esta leitura analítica processa-se lentamente e é a via utilizada pelos leitores disléxicos e iniciantes.
A região occipital-temporal é a área onde se processa o reconhecimento visual das palavras, onde se realiza a leitura rápida e automática. É a zona onde convergem todas as informações dos diferentes sistemas sensoriais, onde se encontra armazenado o “ modelo neurológico da palavra”. Sendo esta a área cerebral que os leitores disléxicos mantêm menos activa.
Este modelo contém a informação relevante sobre cada palavra, integra a ortografia “ como parece”, a pronúncia “ como soa”, o significado “ o que quer dizer”. Quanto mais automaticamente for feita a ativação desta área, mais eficiente se torna o processo de leitura.
Os bons leitores utilizam este percurso rápido e automático para ler palavras. Ativam intensamente os sistemas neurológicos que envolvem a região parietal-temporal e a occipital-temporal conseguindo ler as palavras instantaneamente. Os leitores disléxicos utilizam um percurso lento e analítico para descodificar as palavras. Activam mais frequentemente o girus inferior frontal, onde vocalizam as palavras, e a zona parietal-temporal, onde segmentam as palavras em sílabas e em fonemas, fazendo desta forma a tradução grafo-fonética e as fusões silábicas até aceder ao significado. O que nos indica que os métodos globais ou analíticos, como o das 28 palavras, não são indicados para o ensino da leitura e escrita destes alunos.
Estes alunos e sem prejuízos de todos os outros, deverão realizar alguns exercícios de treino da :
memória, lógica de pensamento, cálculo, percepção visual, consciência fonológica, compreensão oral, compreensão escrita e motivação para a escrita. Propõe-se a leitura de alguma bibliografia relacionada com o tema, dos quais sugere-se “Dislexia e disortografia - Programa de Intervenção e Reeducação I e II” de Rafael Silva Pereira.

3 - A DISLEXIA E DISORTOGRAFIA

Sempre que nos deparamos com um aluno com dificuldades ao nível da aprendizagem da leitura e da escrita deverá ser feita uma avaliação de modo rigoroso e multidisciplinar, este diagnóstico é quase sempre feito através da exclusão das diferentes hipóteses.
- exame psicológico - anamnese
- exame de linguagem:
*linguagem oral: ALO (Avaliação da Linguagem Oral)
*linguagem escrita: TALE (Teste de Avaliação da Linguagem Escrita)
- exame específico: TEDE ( Teste Exploratório Específico da Dislexia)
- exame psicomotor : Picq Vayer, Soubiran
- nível mental :WISC,Columbia,Terman
- personalidade : CAT, Grafismo,etc.
- exames complementares :acuidade auditiva, otorrino, oftalmologia
- exame psicomotor : Picq Vayer, Soubiran, Reversal
A Dislexia manifesta-se por:

- O rendimento na leitura/escrita, medido através de provas normalizadas, situa-se substancialmente abaixo do nível esperado para a idade do sujeito, quociente de inteligência e escolaridade própria para a sua idade;

- A perturbação interfere significativamente com o rendimento escolar, ou actividades da vida quotidiana que requerem aptidões de leitura/escrita;

- Existe um défice sensorial e as dificuldades são excessivas em relação às que lhe estariam habitualmente associadas.

Trata-se de uma perturbação que se manifesta na dificuldade em aprender a ler, apesar do ensino ser convencional, a inteligência ser adequada, e as oportunidades socioculturais suficientes.
Existem três sub-tipos de dislexia:

- ”disfonética” ou auditiva, caracterizada por dificuldades de integração letra-som, onde a soletração não se assemelha à palavra lida; substituição semântica frequente, com alteração de uma palavra por outra de sentido semelhante.
- ”visual”, manifestando dificuldades na percepção de palavras completas, com substituição de uma palavra ou fonema por outro de sonoridade idêntica.
- ”aléxica” ou ”visuoauditiva”, a dificuldade verifica-se na análise fonética das palavras e na percepção de letras e palavras completas.

 

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